Características clínicas de pacientes heterozigotos para o gene da alfa 1-antitripsina
Clinical characteristics of patients heterozygous for the alpha1-antitrypsin gene
DOI:
https://doi.org/10.59752/rci.v13i2.203Palavras-chave:
Alfa 1-Antitripsina, Doenças Raras, Alelos, Técnicas de GenotipagemResumo
Introdução: A deficiência de alfa-1 antitripsina é uma doença genética rara causada por mutações no gene SERPINA1, que codifica o inibidor da protease alfa-1 antitripsina. A deficiência de alfa1 antitripsina grave predispõe os indivíduos à doença pulmonar obstrutiva crônica e à doença hepática. Supõe-se que mais de 85% dos casos não são diagnosticados. A prevalência da afecção não é conhecida no Brasil. O teste para deficiência de alfa-1 antitripsina é recomendado em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica, de acordo com a Organização Mundial da Saúde e o Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease. O diagnóstico de deficiência de alfa-1 antitripsina é baseado em resultados de exames laboratoriais. A abordagem diagnóstica padrão envolve a avaliação dos níveis séricos de alfa-1 antitripsina, seguida de teste genético, para detectar a mutação específica. Um desses testes disponíveis no Brasil é o A1AT Genotyping Test, que analisa as 14 mutações mais prevalentes na deficiência de alfa-1 antitripsina, utilizando DNA extraído de um swab bucal ou de uma gota de sangue em papel-filtro. Objetivo: Identificar a prevalência de pacientes com mutações do gene SERPINA1 atendidos nos ambulatórios de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica do Serviço de Pneumologia do Hospital do Servidor Público Estadual “Francisco Morato de Oliveira” em São Paulo, com ênfase especial nos casos heterozigotos. Métodos: Estudo observacional, transversal, retrospectivo e descritivo realizado entre maio e agosto de 2022. A coleta de dados foi realizada de forma aleatória, com kits fornecidos pelo laboratório Grifols. Foram avaliados os prontuários dos pacientes com genótipo heterozigoto e coletadas informações referentes às avaliações clínica, funcional e radiológica. Resultados: Foram avaliados 80 pacientes, sendo que destes, 66 apresentavam fenótipo PiMM (Normal) e 14 alelos heterozigotos. Em relação aos alelos apresentados, observou-se o fenótipo Pi*MS em 12 pacientes, um paciente com Pi*MZ e um paciente com Pi*IM. No subgrupo de pacientes com alelos heterozigotos, a média de idade foi de 68 anos (± 8,66), com predomínio do sexo masculino (8 pacientes/57%). A espirometria de todos os pacientes mostrou distúrbio ventilatório obstrutivo,
sendo 7 leves, 3 moderados e 4 graves. O diagnóstico de doença pulmonar obstrutiva crônica foi feito de acordo com os critérios descritos no Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease, com exceção de um paciente. Em relação às exposições, apenas um paciente estava exposto ao fogão a lenha, enquanto os demais estavam expostos ao fumo, sendo 10 ex-fumantes. A tomografia computadorizada de todos os casos mostrou a presença de enfisema pulmonar. A localização do enfisema foi predominantemente na parte superior. Conclusão: A identificação precoce de mutações genéticas associadas à deficiência de alfa-1 antitripsina é muito importante e agora mais acessível com métodos de identificação, como o swab oral simples e prático, que permite detectar mutações. Este estudo ressalta a importância da identificação de mutações para o gene SERPINA1, uma vez que permite o aconselhamento genético, que é essencial para pacientes e portadores de mutações mais associadas a níveis séricos reduzidos de alfa-1 antitripsina.
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